Trump coloca Zelenski em situação difícil com novo plano para acabar com guerra Rússia-Ucrânia

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Com seu novo plano de 28 pontos para acabar com a guerra da Rússia na Ucrânia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está ressurgindo com seu argumento de que o presidente ucraniano Volodmir Zelenski não “tem as cartas” para continuar no campo de batalha e deve chegar a um acordo que favoreça fortemente Moscou.

Trump, que demonstrou pouco apreço por Zelenski desde seu primeiro mandato, diz esperar que o líder ucraniano responda ao novo plano de sua administração para acabar com a guerra até a próxima quinta-feira, 27.

O presidente disse na sexta-feira, 21, sobre Zelenski: “Ele vai ter de aprovar”, embora tenha sido mais conciliador um dia depois, dizendo: “Eu gostaria de chegar à paz”.

“Estamos tentando acabar com isso. De uma forma ou de outra, temos de acabar com isso”, disse Trump a repórteres fora da Casa Branca no sábado, 22.

Horas depois, senadores críticos à abordagem de Trump para acabar com a guerra Rússia-Ucrânia disseram que conversaram com o secretário de Estado do EUA, Marco Rubio, que lhes disse que o plano de paz que Trump está pressionando Kiev a aceitar é na verdade uma “lista de desejos” dos russos e não a proposta real que oferece as posições de Washington.

O Departamento de Estado chamou essa afirmação de “falsa” e Rubio mais tarde tomou a medida extraordinária no sábado à noite de insistir que o plano foi elaborado pelos EUA – mas o incidente levantou ainda mais questões sobre o destino do plano.

No entanto, abalado por um escândalo de corrupção em seu governo, reveses no campo de batalha e outro inverno difícil se aproximando enquanto a Rússia continua a bombardear a rede de energia da Ucrânia, Zelenski diz que a Ucrânia agora enfrenta talvez a escolha mais difícil de sua história.

Relação conturbada

Zelenski não falou com Trump desde que o plano se tornou público esta semana, mas disse esperar falar com o presidente republicano nos próximos dias. É provável que seja mais uma de uma série de conversas difíceis que os dois líderes tiveram ao longo dos anos.

A primeira vez que falaram, em 2019, Trump tentou pressionar o então recém-empossado líder ucraniano a desenterrar informações comprometedoras sobre Joe Biden antes das eleições de 2020. Essa ligação telefônica desencadeou o primeiro pedido de impeachment de Trump.

Trump fez do apoio de Biden à Ucrânia uma questão central em sua bem-sucedida campanha de 2024, dizendo que o conflito custou muito dinheiro aos contribuintes dos EUA e prometendo que ele rapidamente encerraria a guerra.

Então, no início deste ano, em uma desastrosa reunião no Salão Oval, Trump e o vice-presidente JD Vance criticaram Zelenski pelo que disseram ser gratidão insuficiente pelos mais de US$ 180 bilhões que os EUA haviam destinado para ajuda militar e outras assistências a Kiev desde o início da guerra. Esse episódio levou a uma suspensão temporária da assistência dos EUA à Ucrânia.

E agora, com a proposta, Trump está pressionando Zelenski a concordar com concessões de terras a Moscou, uma redução maciça no tamanho do exército da Ucrânia e um acordo da Europa para afirmar que a Ucrânia nunca será admitida na aliança militar da Otan.

“Agora a Ucrânia pode se ver diante de uma escolha muito difícil: ou perda de dignidade, ou o risco de perder um parceiro chave”, disse Zelenski em um vídeo na sexta-feira, 21.

No centro do plano de Trump está o pedido para que a Ucrânia ceda toda a região oriental de Donbas, embora uma vasta extensão dessa terra permaneça sob controle ucraniano. Analistas do Instituto Independente para o Estudo da Guerra estimaram que levaria vários anos para o exército russo conquistar completamente o território, com base em sua taxa atual de avanços.

Trump, no entanto, insiste que a perda da região – que inclui cidades que são centros vitais de defesa, indústria e logística para as forças ucranianas – é um fato consumado.

“Eles vão perder em um curto período de tempo. Você sabe disso”, disse Trump na sexta-feira quando questionado durante uma entrevista à Fox News Radio sobre sua pressão para que a Ucrânia ceda o território. “Eles estão perdendo terras. Eles estão perdendo terras.”

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Estadão

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