Vacina contra a dengue demonstra proteção após sete anos, aponta estudo

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Os dados foram apresentados em um congresso internacional realizado na Tailândia e mostram proteção sustentada e manutenção do perfil de segurança do imunizante. Foto: Reprodução/Pixabay

A vacina contra a dengue Qdenga, desenvolvida pela farmacêutica Takeda, apresentou proteção contra infecções e hospitalizações causadas pela doença sete anos após a aplicação das doses, segundo nova análise de estudo clínico de longo prazo. Os dados foram apresentados em um congresso internacional realizado na Tailândia e mostram proteção sustentada e manutenção do perfil de segurança do imunizante.

De acordo com Vivian Lee, diretora médica da Takeda, a avaliação tinha como objetivo verificar se seria indicado um reforço da vacina contra a dengue após as duas doses recomendadas. “Realizamos o estudo justamente para entender se era necessária (a dose de reforço), a princípio após 4,5 anos e agora após sete anos, e concluímos que não há necessidade”, afirma.

O levantamento indica que a eficácia da vacina na prevenção de hospitalizações foi de 84,1% após 4,5 anos e chegou a 90,6% com a aplicação de uma dose de reforço no mesmo intervalo. Na prevenção de casos confirmados em laboratório, o esquema atual de duas doses apresentou eficácia de 61,2% após 4,5 anos, passando a 74,3% dois anos e meio depois da dose adicional.

Para Melissa Palmieri, vice-presidente da regional paulista da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm-SP), os resultados são coerentes com a tecnologia da vacina, baseada em vírus atenuado. “Quando desenham um estudo como esse, vemos que a resposta celular está organizada. Se a pessoa se expuser ao vírus, ela terá capacidade de resposta celular e de anticorpos, evidenciando que não há necessidade de reforço neste momento”, explica.

A Takeda afirma que não foram identificados novos sinais de segurança após a dose adicional e que os resultados reforçam o perfil de benefício-risco da vacina. O estudo acompanhou mais de 20 mil crianças e adolescentes saudáveis, de 4 a 16 anos, e mostrou eficácia contra os quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) ao longo dos sete anos. A faixa etária foi escolhida por concentrar alta incidência de casos e hospitalizações. “Se a vacina demonstra eficácia nesses casos, temos a chamada ponte imunológica. Assim, podemos inferir esses resultados para outras faixas etárias sem novos levantamentos, apenas com estudos de imunogenicidade e segurança”, afirma Vivian.

A Qdenga é atualmente a única vacina contra a dengue disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Até o fim de 2025, a Takeda prevê entregar 15 milhões de doses ao sistema público. O imunizante da farmacêutica também é o único que pode ser encontrado em clínicas privadas no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda a imunização para pessoas de 4 a 60 anos. No SUS, a vacina está disponível para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. O esquema vacinal recomendado é de duas doses, com intervalo de três meses.

O imunizante é contraindicado para imunossuprimidos, gestantes, lactantes ou pessoas com alergia a seus componentes. Segundo dados do Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde, desde janeiro deste ano foram registrados 1.623.310 casos prováveis de dengue e 1.711 mortes pela doença no País.

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Estadão

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