WePink é alvo de ação do MP de Goiás por práticas abusivas

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O Ministério Público de Goiás ajuizou uma Ação Civil Pública com pedido de tutela de urgência contra a WePink, empresa de cosméticos da influenciadora Virginia Fonseca, por práticas abusivas contra os consumidores. O Estadão tentou contato com a assessoria de imprensa de Virginia e com a WePink, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. Ela não comentou o caso publicamente até o momento.

A WePink acumula mais de 94 mil reclamações registradas nos últimos 12 meses no site Reclame Aqui, além de 340 denúncias formais no Procon Goiás entre 2024 e 2025. O MP acusa a empresa de seis práticas abusivas contra os clientes:

Falta de entrega de produtos: milhares de consumidoras e consumidores pagaram por produtos que nunca receberam, mesmo após meses de espera;

Descumprimento de prazos: atrasos generalizados nas entregas, com casos que ultrapassaram sete meses;

Dificuldade de reembolso: resistência em devolver valores pagos;

Atendimento deficiente: sistema automatizado (30% do atendimento) que não resolve os problemas, gerando peregrinação dos consumidores;

Exclusão de críticas: remoção sistemática de comentários negativos nas redes sociais para ocultar reclamações;

Produtos com defeito: entrega de cosméticos estragados ou em desacordo com o anunciado.

Segundo a ação do promotor Élvio Vicente da Silva, um dos sócios da WePink reconheceu em transmissão ao vivo nas redes sociais que a empresa vendeu produtos sem tê-los em estoque.

“A gente tinha 200 mil faturamentos por mês. A gente saltou de 200 mil faturamentos por mês para 400 mil faturamentos por mês. De fato, tivemos um problema de abastecimento, porque a gente cresceu muito rápido. Algumas vezes, sim (demora), porque algumas matérias primas acabam, porque a gente vende muito”, afirmou Thiago Stabile, um dos sócios da WePink, durante live gravada e compartilhada por consumidores nas redes sociais.

De acordo com a ação, a fala de Stabile demonstra que a WePink teria continuado a vender os produtos mesmo sabendo que não teria condições de entregá-los no prazo de 14 dias conforme prometido, o que caracterizaria má-fé contratual e publicidade enganosa.

Na ação, o MP de Goiás pede a entrega imediata de todos os produtos já pagos; que as lives promocionais da marca sejam suspensas até que todas as entregas pendentes sejam realizadas; a criação de um canal de comunicação efetivo, com atendimento humano (não automatizado) e resposta inicial em até 24 horas; o desenvolvimento de um mecanismo simplificado de cancelamento e reembolso, com devolução em 7 dias; além de estipular uma multa diária de R$ 1 mil por descumprimento.

O MP também pede uma indenização por dano moral coletivo de R$ 5 milhões, a ser revertida ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor (FEDC), e uma condenação genérica para que cada consumidora ou consumidor lesado possa pleitear reparação por danos morais na fase de execução, se comprovar a compra e o atraso ou falha no pós-venda.

O promotor sustenta na ação que os empresários devem responder solidária e pessoalmente pelos danos, pois participaram ativamente das lives promocionais, tinham conhecimento das falhas operacionais e, mesmo assim, mantiveram a estratégia de vendas massivas.

Por fim, Élvio Vicente também critica a estratégia de uso de “ofertas-relâmpago” da WePink, que induziria a compra impulsiva e exploraria a vulnerabilidade psicológica dos clientes.

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Estadão

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