Estudo registra novo caso de cura do HIV após transplante de células-tronco
Pesquisadores confirmaram o sétimo caso de cura do HIV no mundo, ocorrido após um transplante realizado para tratar leucemia, abrindo novas perspectivas para a pesquisa científica

Pesquisadores registraram um novo caso confirmado de cura do HIV, o sétimo documentado mundialmente até o momento. O paciente, identificado como B2, foi submetido a um transplante de células-tronco como parte do tratamento contra uma leucemia mieloide aguda, e a eliminação do vírus ocorreu como consequência indireta do procedimento.
O anúncio foi feito no dia 1º de dezembro, durante o Dia Mundial de Combate à Aids, e reforça a relevância do avanço científico. Especialistas ressaltam, no entanto, que o transplante de células-tronco é um procedimento de alto risco, complexo e custoso, não sendo indicado como tratamento para a maioria das pessoas que vivem com HIV. Ainda assim, o novo caso amplia o entendimento sobre possíveis caminhos para a cura da infecção.
Nos casos anteriores, a eliminação do HIV esteve associada a uma mutação genética rara chamada CCR5 Δ32, presente em duas cópias no doador das células-tronco. Essa mutação impede que o vírus entre nas células do sistema imunológico, tornando o organismo resistente à infecção. O diferencial do caso B2 é que o doador possuía apenas uma cópia alterada do gene, o que, em teoria, não garantiria proteção total contra o vírus.
Mesmo assim, o HIV não voltou a ser detectado no organismo do paciente, mesmo seis anos após a interrupção do uso de medicamentos antirretrovirais. O resultado surpreendeu os pesquisadores e levantou a hipótese de que outros mecanismos imunológicos possam ter contribuído para a eliminação completa do vírus.
Diagnosticado com HIV em 2009, o paciente hoje tem 60 anos e segue sem sinais detectáveis da infecção desde o transplante. O caso reforça a importância dos transplantes de células-tronco como ferramenta de investigação científica, embora seu uso continue restrito ao tratamento de doenças graves, como certos tipos de câncer.
Especialistas destacam que, apesar do avanço, essa estratégia ainda não é viável em larga escala devido aos riscos envolvidos, como rejeição do transplante, infecções graves e até risco de morte. No entanto, cada novo caso documentado fornece informações valiosas para o desenvolvimento de terapias futuras mais seguras e acessíveis.
A descoberta, publicada na revista científica Nature, é considerada uma das mais intrigantes dos últimos anos no campo da pesquisa sobre o HIV e pode abrir novas frentes de investigação em busca de uma cura funcional para o vírus.

