A Polícia Civil de São Paulo revelou que um ataque hacker ao sistema financeiro brasileiro desviou R$ 541 milhões em menos de três horas. O caso é tratado como o maior golpe virtual já registrado contra instituições bancárias no país. O crime ocorreu na madrugada de 30 de junho, quando uma sequência massiva de transferências via PIX foi realizada por criminosos que simularam ordens bancárias falsas a partir do sistema da empresa C&M Software, responsável por interligar bancos menores ao Banco Central. Apenas a BMP, uma das vítimas, teve o prejuízo revelado até o momento. A Polícia afirma que pelo menos outras cinco instituições também foram atingidas, mas os valores totais ainda não foram divulgados.

O operador de TI João Nazareno Roque, funcionário da C&M, foi preso em flagrante na Zona Norte de São Paulo. Ele confessou ter vendido sua senha de acesso ao sistema por R$ 15 mil, além de ter desenvolvido um sistema que permitiu a invasão. Roque afirmou que foi abordado pela primeira vez na saída de um bar em março e que se comunicava com os hackers apenas por WhatsApp, trocando de aparelho a cada 15 dias para evitar rastreamento. Segundo o depoimento, ele identificou pelo menos quatro vozes diferentes, supostamente de jovens, durante o contato.

O golpe, considerado sem precedentes, mobilizou uma força-tarefa entre Polícia Civil, Polícia Federal e Ministério Público, que agora trabalha para identificar os demais envolvidos, rastrear e congelar ativos obtidos ilegalmente. Uma das contas utilizadas para receber parte do montante — com saldo de R$ 270 milhões — já foi bloqueada pelas autoridades. A C&M Software, em nota, informou que colabora com as investigações e que a plataforma segue operando normalmente. A empresa evitou novos posicionamentos públicos até a conclusão dos trabalhos das autoridades.