Haddad defende cooperação com os EUA para barrar evasão de divisas após megaoperação da Receita
Ministro alerta para uso do estado de Delaware em esquemas bilionários de lavagem de dinheiro e cobra avanço do projeto sobre devedor contumaz no Congresso

No dia em que a Receita Federal deflagrou uma operação nacional contra fraudes no setor de combustíveis, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou a necessidade de ampliar o diálogo direto com o governo dos Estados Unidos para combater esquemas de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Segundo ele, investigados têm utilizado o estado de Delaware como paraíso fiscal para enviar recursos ilegalmente ao exterior e reinseri-los no Brasil como supostos investimentos estrangeiros. “A última operação identificou R$ 1,2 bilhão enviados para fundos em Delaware e retornando lavados, como se viessem de fora, quando na verdade o dinheiro saiu daqui”, afirmou.
Haddad disse que já discutiu o tema com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e destacou que a Polícia Federal atuará na recuperação de ativos no exterior, com apoio da Interpol. O Ministério da Fazenda enviou ao Ministério Público Federal um relatório de 300 páginas detalhando movimentações financeiras e o funcionamento das organizações criminosas. A ofensiva desta quinta-feira, batizada de Operação Poço de Lobato, cumpriu mandados em cinco estados e é desdobramento da Operação Carbono Oculto, que já havia revelado rede de sonegação que movimentou R$ 30 bilhões. Só hoje, R$ 8 bilhões foram bloqueados em fundos que utilizavam estruturas fechadas e em camadas para ocultação de valores.
Além das ações policiais, o ministro voltou a defender a aprovação do projeto de lei que cria regras específicas para punir o devedor contumaz — aquele que sonega de forma sistemática e deliberada. O texto, já aprovado no Senado, aguarda tramitação na Câmara. Haddad afirma que a proposta separa “o joio do trigo”, protege o contribuinte correto e permite enfrentar com mais rigor quem opera grandes esquemas de fraude fiscal. “Se conseguirmos sancionar ainda este ano, entraremos em 2026 mais fortes no combate a essas práticas”, concluiu.

