Homem fica 776 dias com covid e caso entra para a história da pandemia
Paciente de 41 anos, que vivia com HIV em estágio avançado, manteve o coronavírus ativo no organismo por mais de dois anos. Situação inédita ajuda a ciência a compreender como surgem novas variantes

Um caso inusitado registrado por médicos nos Estados Unidos chamou a atenção da comunidade científica. Um homem de 41 anos permaneceu infectado pelo coronavírus durante 776 dias consecutivos, estabelecendo um recorde no período da pandemia.
O paciente vivia com HIV em estágio avançado e não seguia corretamente o tratamento antirretroviral, o que comprometeu sua imunidade. Esse quadro criou condições para que o vírus da covid permanecesse ativo e, além disso, sofresse mutações dentro do organismo.
Segundo pesquisadores da Universidade de Boston, os primeiros sintomas surgiram em maio de 2020, mas o diagnóstico oficial só foi confirmado em setembro daquele ano, após o agravamento da doença. Entre 2021 e 2022, os médicos coletaram oito amostras clínicas que revelaram 68 mutações no coronavírus — algumas semelhantes às encontradas em variantes como a Ômicron.
Apesar da longa infecção, não há indícios de que o vírus tenha se espalhado para outras pessoas. Os cientistas acreditam que ele se adaptou ao organismo do paciente a ponto de perder a capacidade de transmissão. O homem morreu, mas não em decorrência direta da covid-19.
Casos semelhantes já haviam sido registrados em outros países: em 2024, um paciente na Holanda ficou infectado por 613 dias, e em 2022, no Reino Unido, outro manteve resultado positivo por 505 dias. Nenhum, porém, superou a marca dos 776 dias do paciente norte-americano.
A situação extrema reforça a importância do acompanhamento médico e do tratamento adequado em pessoas com imunidade comprometida. Para a ciência, episódios raros como esse oferecem dados valiosos sobre a evolução do vírus e podem auxiliar no monitoramento e no desenvolvimento de vacinas.