Impacto ambiental: a Amazônia perdeu uma área de floresta equivalente à Espanha em 40 anos
Um relatório do MapBiomas revelou que a Amazônia perdeu 52 milhões de hectares de vegetação nativa nos últimos 40 anos, uma área equivalente ao território da Espanha. A perda, impulsionada pela expansão da agropecuária, coloca a floresta perto de um "ponto de não retorno", onde ela pode se tornar uma savana

Nos últimos 40 anos, a Amazônia perdeu uma área de floresta equivalente a todo o território da Espanha. Um relatório divulgado pelo MapBiomas revela que, desde 1985, a maior floresta tropical do planeta perdeu 52 milhões de hectares de vegetação nativa, o que representa 18,7% de sua cobertura natural.
A principal causa do desmatamento é a expansão da agropecuária. As pastagens para gado saltaram de 12,3 milhões de hectares em 1985 para 56,1 milhões em 2024. A agricultura também cresceu de forma expressiva, passando de 180 mil para 7,9 milhões de hectares, com a soja respondendo por quase 75% dessa área.
O levantamento traz um dado alarmante: a Amazônia está se aproximando do ponto de não retorno, um limite entre 20% e 25% de desmatamento, a partir do qual a floresta perde a capacidade de se regenerar e pode se transformar em uma savana seca. “Já podemos perceber alguns impactos dessa perda de cobertura florestal. A Amazônia está ficando mais seca”, alertou o pesquisador Bruno Ferreira.
A pesquisa do MapBiomas mostra que, entre agosto de 2024 e julho de 2025, a região enfrentou uma das piores secas já registradas. A perda de vegetação interfere no ciclo das chuvas, tornando o ambiente ainda mais seco e vulnerável a incêndios.
Diante do cenário, o governo federal criou em 2024 a Comissão Interministerial de Prevenção e Controle do Desmatamento, que reúne 19 ministérios e busca coordenar ações de fiscalização e preservação. No entanto, especialistas apontam que as medidas têm sido insuficientes para frear a destruição no ritmo necessário. A perda de cada hectare significa menos absorção de carbono, menos umidade para as chuvas e menos biodiversidade para o planeta.