Jovens estão cada vez mais infelizes, alertam cientistas: padrão global preocupa
Pesquisadores observam queda no bem-estar de jovens desde 2014, contrariando a antiga curva da felicidade. O fenômeno é global e ainda sem explicações claras

Durante décadas, acreditou-se que a felicidade ao longo da vida seguia um formato de “U”: altos níveis na infância e na velhice, com uma queda no meio da vida adulta. No entanto, essa ideia está sendo desafiada por novos estudos que mostram uma realidade preocupante: os jovens adultos são, hoje, os menos felizes da população.
Segundo o economista David Blanchflower, da Universidade de Dartmouth, e sua equipe de pesquisadores, a mudança no padrão começou por volta de 2014 e se intensificou nos últimos anos. Em vez de um pico de bem-estar na juventude, os dados mostram que a satisfação com a vida é mais baixa justamente no início da vida adulta, crescendo com o passar dos anos.
A nova curva da felicidade se aproxima de uma linha reta, com o bem-estar aumentando com a idade. A constatação se repete em diferentes partes do mundo — tanto em países desenvolvidos quanto em nações em desenvolvimento —, e os dados revelam um crescimento expressivo de jovens com problemas de saúde mental, automutilação e tentativas de suicídio.
Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 1 em cada 9 mulheres jovens relata enfrentar dias ruins com frequência no aspecto psicológico. Entre os homens, o número é de 1 em cada 14. E essa realidade vem se repetindo em diversos outros países analisados, totalizando 43 nações com o mesmo padrão de infelicidade entre jovens.
O que mais intriga os cientistas é a dificuldade em identificar uma causa clara para essa mudança. Fatores como pandemia e mercado de trabalho foram considerados, mas não explicam o início do declínio, já que os sinais começaram antes desses eventos.
Blanchflower ressalta que qualquer explicação precisa levar em conta três elementos: algo que tenha começado por volta de 2014, que seja global e que afete desproporcionalmente os jovens — especialmente as mulheres. “É um fenômeno assustador, e deveríamos ter agido antes”, conclui o pesquisador.
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