Justiça dos EUA bloqueia medida de Trump que proibia estudantes estrangeiros em Harvard
Decisão judicial garante, por ora, a permanência de cerca de 7 mil alunos internacionais na universidade mais prestigiada do país

A Justiça Federal dos Estados Unidos decidiu nesta sexta-feira (23) suspender a ordem do governo de Donald Trump que proibia a presença de estudantes estrangeiros na Universidade Harvard. A medida do Departamento de Segurança Interna, anunciada como retaliação a recentes desentendimentos entre a gestão Trump e a universidade, foi considerada uma violação da Constituição e teve seus efeitos legais anulados provisoriamente.
A juíza Allison Burroughs, indicada pelo ex-presidente Barack Obama, acolheu uma queixa formal apresentada pela direção de Harvard e determinou que a proibição fique sem efeito imediato, enquanto o processo segue tramitando. Audiências já foram agendadas para a próxima semana, entre terça (27) e quinta-feira (29), para avaliar o caso com mais profundidade. Até a última atualização, o governo dos EUA ainda não havia informado se recorrerá da decisão.
A universidade denunciou na Justiça que a medida traria “efeitos devastadores” para cerca de 7.000 alunos internacionais, que representam um quarto do seu corpo estudantil. “Sem seus estudantes internacionais, Harvard não é Harvard”, afirmou a instituição, que tem quase quatro séculos de história.
Segundo o Departamento de Segurança Interna (DHS), a decisão foi motivada pela recusa de Harvard em entregar documentos solicitados sobre estudantes internacionais. O governo acusou a universidade de criar um “ambiente hostil para estudantes judeus”, de “simpatia ao Hamas” e de adotar “políticas racistas de diversidade, equidade e inclusão”. Em resposta, Harvard classificou a ação como ilegal e incompatível com sua missão educacional e de pesquisa.
Caso a medida avance, os estudantes que ainda não concluíram o curso teriam que se transferir para outras universidades para manter seus vistos. Os calouros aprovados para iniciar as aulas em setembro também seriam afetados. No entanto, com a decisão judicial desta sexta-feira, os alunos seguem temporariamente protegidos. A Secretaria de Segurança Interna, liderada por Kristi Noem, afirma que Harvard ainda pode recuperar o direito de matricular estrangeiros se cumprir exigências como envio de registros disciplinares e gravações de protestos no campus — pedidos que a universidade já afirmou serem inaceitáveis.