Lago de Águas Claras: a cratera da mineração que virou o lago mais profundo do Brasil
Com 234 metros de profundidade, o Lago de Águas Claras, em Minas Gerais, impressiona por sua origem e potencial ambiental

Localizado na região metropolitana de Belo Horizonte, o Lago de Águas Claras é oficialmente o lago mais profundo do Brasil, com impressionantes 234 metros de profundidade. Mais do que uma formação geológica comum, esse lago surgiu a partir de uma antiga mina de ferro, resultado de quase três décadas de intensa atividade mineradora.
Entre 1973 e 2001, a empresa Minerações Brasileiras Reunidas (MBR) explorou a mina que hoje dá lugar ao lago. Quando as operações foram encerradas por inviabilidade econômica, a cratera aberta no solo passou a se preencher naturalmente com água da chuva, do lençol freático e do Ribeirão da Prata, afluente da Serra do Gandarela. Assim se formou o atual lago, ocupando uma área de 0,67 km² e contendo aproximadamente 58 milhões de metros cúbicos de água.
O Lago de Águas Claras é considerado uma formação meromítica — ou seja, suas águas não se misturam por completo, criando zonas com diferentes temperaturas e níveis de oxigênio. Isso contribui para um ambiente aquático diversificado e singular. Suas paredes íngremes e rochosas também são um lembrete visual das origens industriais do local.
Entre 2001 e 2003, estudos liderados pelo professor Eduardo von Sperling, da UFMG, analisaram a qualidade da água do lago. Os resultados surpreenderam positivamente: altos níveis de oxigênio dissolvido, pH alcalino (entre 6,9 e 9,2), baixa presença de poluentes e reduzida contaminação bacteriana. Esses indicadores apontam para um ambiente saudável, com potencial para abrigar vida aquática e uso recreativo.
Além de atividades como natação, pesca e esportes náuticos, especialistas destacam que o lago pode futuramente servir como uma importante fonte de abastecimento de água para comunidades próximas. Ele também se apresenta como exemplo de recuperação ambiental: uma área antes marcada pela degradação da mineração hoje se transforma em patrimônio ecológico e paisagístico da região.
O Lago de Águas Claras demonstra que, com gestão responsável e atenção ao legado das atividades industriais, é possível transformar antigos passivos ambientais em ativos sustentáveis, com benefícios sociais e ecológicos duradouros.
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