A Prefeitura de Londrina está desenvolvendo, pela primeira vez, um Plano Municipal voltado à população em situação de rua, com previsão de lançamento até o final de 2025. O processo, iniciado em junho, envolve entrevistas, reuniões com grupos focais e consultas públicas para construção coletiva das diretrizes. O objetivo é modernizar as políticas municipais, garantindo acesso a serviços públicos, saúde mental, moradia, capacitação profissional, inclusão produtiva e fortalecimento dos direitos dessa população.

Segundo o secretário municipal de Recursos Humanos, Rodrigo Souza, o Grupo de Trabalho criado pelo Executivo já finaliza as entrevistas e reuniões, que servirão de base para a elaboração de um primeiro relatório. “Será um processo participativo, em que cada etapa volta para a sociedade com novas rodadas de diálogo, até chegarmos à versão final do plano”, explicou.

A secretária municipal de Assistência Social, Marisol Chiesa, destacou o caráter histórico da iniciativa. “É um marco inédito, que reúne poder público e sociedade civil em um diálogo aberto e transparente. A implantação trará mais dignidade, respostas rápidas e políticas integradas para que pessoas em situação de rua tenham oportunidades reais de reconstruir suas vidas”, afirmou.

Envolvimento da comunidade

Entre os grupos já ouvidos estão: vereadores, entidades conveniadas à Assistência Social, trabalhadores do Centro POP, forças de segurança, empresários, comerciantes, jornalistas, além de pessoas em situação de rua. Também está prevista uma consulta pública via formulário e um encontro aberto à população, quando a proposta inicial será apresentada para análise e contribuições.

Próximos passos

Dois decretos municipais devem ser assinados pelo prefeito Tiago Amaral: um atualizando objetivos e diretrizes da política de atendimento, e outro instituindo o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Municipal para a População em Situação de Rua (CIAMP RUA-LDA), que substituirá o atual Comitê Pop Rua.

Vozes da sociedade

Vera Antunes, presidente da ACIL, reforçou a importância do diálogo com o setor produtivo: “É um tema complexo que exige soluções multidisciplinares. Só teremos boas respostas construindo em conjunto”.

A psicóloga Ana Carolina Ferreira, da Associação MMA, ressaltou a necessidade de integração entre saúde, assistência social, habitação, trabalho, cultura e segurança pública. Para ela, o plano precisa reconhecer o protagonismo das organizações da sociedade civil, já que a maioria dos serviços voltados à população em situação de rua é executada em parceria com a Prefeitura.

A expectativa é que, com a participação ampla da comunidade e integração de políticas públicas, Londrina tenha em 2025 um instrumento estruturado, coletivo e permanente para atender uma das parcelas mais vulneráveis da sociedade.