À primeira vista, o louva-a-deus transmite calma, com suas patas dianteiras unidas como se estivesse em oração. Mas a imagem de inseto “espiritual” não poderia ser mais enganosa. Esse animal, conhecido popularmente como “rezador”, está entre os predadores mais habilidosos e vorazes do reino animal — capaz até de caçar pássaros.

O inseto pertence à ordem Mantodea e, só no Brasil, existem 259 espécies catalogadas. No mundo, passam de 2.300. O nome vem do grego mantis, que significa “profeta”, provavelmente em referência ao olhar fixo e imponente que antecipa o ataque à próxima vítima.

Apesar da fama assustadora, o louva-a-deus não representa perigo para os humanos. Ele não morde, não pica e não possui veneno. Pode ser manipulado sem riscos. No entanto, para insetos e pequenos animais, a história é outra.

Carnívoro, o louva-a-deus se alimenta de moscas, baratas, grilos e mariposas. Mas registros científicos já mostraram comportamentos ainda mais surpreendentes: algumas espécies podem atacar sapos, ratos, pequenas cobras e até pássaros. Em casos documentados, beija-flores foram capturados e mortos quando o inseto perfurou o cérebro da ave com suas patas.

Essas patas dianteiras, chamadas patas raptoriais, são a principal arma do caçador. Funcionam como garras serrilhadas, que seguram e perfuram presas em questão de segundos — um verdadeiro mecanismo de ataque em miniatura.

O comportamento reprodutivo também chama atenção. Em muitas espécies, ocorre o chamado canibalismo sexual: durante ou após o acasalamento, a fêmea devora o macho. Curiosamente, mesmo após ser decapitado, o macho continua a cópula, pois os comandos sexuais estão em um gânglio nervoso localizado no abdômen.

Outro destaque é a capacidade de camuflagem. O louva-a-deus pode assumir formas que confundem presas e predadores:

• Mantis religiosa, o mais conhecido, comum na Europa e símbolo do estado de Connecticut (EUA).

• Hymenopus coronatus, ou louva-a-deus-orquídea, que imita flores cor-de-rosa.

• Acanthops falcata, conhecido como bicho-folha-seca, que se confunde perfeitamente com folhas mortas.

Predador nato e mestre do disfarce, o louva-a-deus mostra que nem sempre a aparência serena reflete a realidade.