Lula reúne ministros após operação no Rio deixar mais de 130 mortos
O governador Cláudio Castro reconheceu que a ação “excedeu limites e competências” do governo estadual e pediu apoio federal para o enfrentamento das facções criminosas que atuam no Rio de Janeiro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está reunido desde as 10h desta quarta-feira (29) com ministros e autoridades no Palácio da Alvorada, em Brasília, para discutir os desdobramentos da Operação Contenção, realizada nesta terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. A ação das forças de segurança fluminenses resultou em mais de 130 mortos, segundo balanço preliminar, e é considerada a mais letal da história do estado.
Participam do encontro o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Rui Costa (Casa Civil), José Múcio (Defesa), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania), Sidônio Palmeira (Comunicação) e Anielle Franco (Igualdade Racial), além do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e do presidente da Embratur, Marcelo Freixo. A reunião ocorre em meio a uma forte repercussão política e social da operação. O governador Cláudio Castro reconheceu que a ação “excedeu limites e competências” do governo estadual e pediu apoio federal para o enfrentamento das facções criminosas que atuam no Rio.
O ministro Ricardo Lewandowski afirmou que não houve solicitação formal de cooperação federal antes da operação e que o governo agora avalia novas medidas para conter a escalada de violência. A operação, que tinha como alvo o Comando Vermelho, provocou reações violentas: criminosos bloquearam 35 ruas, incendiaram barricadas e veículos, paralisando parte da capital fluminense. Especialistas criticaram a ação, apontando que o confronto não reduziu a influência do crime organizado e pode agravar o ciclo de violência.
Lula retornou ao Brasil na noite de terça-feira, após viagem ao Sudoeste Asiático, e foi imediatamente informado da situação. Ainda ontem, a Casa Civil havia iniciado reuniões de emergência para coordenar uma resposta federal. O governo também confirmou que atendeu a um pedido do governador para transferir 10 detentos ligados a facções criminosas para presídios federais, medida que busca reduzir o comando de ações violentas a partir do sistema prisional.

