Maioria dos fuzis apreendidos no Rio é de fabricação americana, revela investigação
Tráfico internacional de armas abastece facções do estado com armamento vindo dos EUA; fuzis entram no país por rotas na Bolívia e Paraguai

Uma nova investigação revela que cerca de 60% dos fuzis apreendidos pela Polícia Militar no estado do Rio de Janeiro em 2024 têm origem nos Estados Unidos. A maioria dessas armas chega ao país por rotas que atravessam a Bolívia e o Paraguai, sendo posteriormente transportadas por rodovias até comunidades dominadas por facções criminosas no Rio.
Essa conexão internacional chamou a atenção das autoridades americanas. Na recente Operação Contenção, que resultou na apreensão de 240 armas e mais de 43 mil munições, houve cooperação direta com o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS), por meio da unidade Homeland Security Investigations (HSI).
Uma das táticas do tráfico para facilitar o contrabando inclui manter representantes em países vizinhos para negociar diretamente a compra de armas e drogas, sem intermediários. A Polícia Civil aponta que as facções estão cada vez mais sofisticadas nesse tipo de operação.
Entre os presos na operação está Eduardo Bazzana, dono de lojas de armas em São Paulo e presidente de um clube de tiro, acusado de fornecer armamento para a facção que hoje controla a favela da Muzema, na Zona Oeste do Rio. Registros apreendidos com a quadrilha revelam pagamentos superiores a R$ 5 milhões em armamentos e drogas num período de um ano, com fuzis avaliados entre R$ 70 mil e R$ 100 mil cada.
O governador Cláudio Castro, que está em Nova York, tenta articular parcerias internacionais para conter esse fluxo de armas. Durante reunião com representantes da ONU, ele ressaltou que o estado não produz armamentos e pediu apoio para controlar a venda de peças e munições em países onde a fiscalização é falha.
Outro alvo da investigação é Jhonnatha Schimitd Yanowich, preso por lavagem de dinheiro. Em sua casa, foram encontrados 16 fuzis e indícios de depósitos em espécie com cédulas em mau estado, possivelmente enterradas. As transações financeiras ligadas ao grupo incluem uso intensivo de Pix com valores fracionados, em tentativa de driblar os sistemas de controle.
A defesa de Bazzana negou o envolvimento do empresário com facções criminosas e afirmou que a prisão preventiva foi decretada sem justificativa adequada. As defesas dos outros envolvidos não foram localizadas até o momento.
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