O Cheiro do Vick Vaporub Pode Aliviar Ansiedade e Depressão?
Pesquisa da Universidade de Pittsburgh identificou 12 aromas capazes de evocar memórias específicas e positivas em pessoas com sintomas depressivos, superando a eficácia de estímulos verbais. O estudo, publicado na JAMA Network Open, aponta o olfato como ferramenta terapêutica natural, com potencial para auxiliar na regulação emocional e no bem-estar

Um estudo da Universidade de Pittsburgh, publicado na revista científica JAMA Network Open, revelou que certos cheiros familiares podem ser mais eficazes do que palavras na tarefa de ajudar pessoas com depressão a recuperar memórias autobiográficas específicas e positivas. A pesquisa abre novas possibilidades terapêuticas e reforça o poder do olfato como aliado da saúde mental.
Conduzida pela neurocientista Kymberly Young, a investigação utilizou frascos opacos contendo aromas intensos para estimular lembranças em participantes com sintomas depressivos. Entre os 12 cheiros mais eficazes estavam café, Vick Vaporub, extrato de baunilha, sabonete de lavanda, óleo de coco, cominho, cravo, vinho tinto, cera de sapato, ketchup e óleo essencial de laranja.
Os resultados mostraram que, enquanto palavras frequentemente evocavam lembranças genéricas — como “um dia de verão” —, os aromas despertavam memórias ricas em detalhes e emocionalmente mais positivas, como “tomar café com um amigo na semana passada”. Esse detalhe é relevante, já que pessoas com depressão costumam ter dificuldade em acessar memórias específicas, o que pode afetar a regulação emocional, a tomada de decisões e a solução de problemas.
O efeito dos aromas está ligado à anatomia cerebral: o bulbo olfatório, responsável por processar odores, possui ligação direta com a amígdala, região que regula emoções e memórias. Essa conexão permite que os cheiros acionem lembranças de forma mais direta e carregada de significado emocional.
Young acredita que incorporar aromas familiares no dia a dia ou em sessões terapêuticas pode ajudar a interromper ciclos de pensamentos negativos e a reconectar pacientes com experiências positivas. Novos estudos, incluindo exames de imagem cerebral, estão previstos para compreender melhor como esses estímulos afetam a atividade da amígdala e o bem-estar emocional.