O caso do voo 5390 da British Airways, ocorrido em junho de 1990, permanece como um dos episódios mais impressionantes e improváveis da história da aviação. A aeronave voava a mais de 5 mil metros de altitude quando o para-brisa do lado do capitão se desprendeu por completo devido ao uso de parafusos incorretos durante a manutenção. Em segundos, a cabine sofreu uma violenta descompressão e o capitão Tim Lancaster foi parcialmente sugado para fora do cockpit, ficando preso apenas pelas pernas.

No momento do incidente, o comissário Nigel Ogden caminhava pelo corredor e presenciou a cena desesperadora. Ele correu para segurar o capitão, agarrando-o com todas as forças enquanto ventos congelantes e ensurdecedores invadiam o cockpit a mais de 500 km/h. Ogden acreditou, por instantes, que Tim já estivesse morto — mas jamais soltou o piloto, mesmo com o risco extremo e o impacto da pressão.

Enquanto isso, o copiloto Alastair Atchison assumiu o comando em meio ao caos. Com a cabine aberta, turbulência intensa e visibilidade comprometida, ele iniciou uma descida de emergência, lutando para estabilizar a aeronave em condições extremamente adversas. Havia ainda o temor de que o corpo do capitão se soltasse e atingisse a asa ou um motor, o que poderia causar um desastre irreversível.

Apesar do frio extremo, da perda de pressão e da posição quase impossível em que se encontrava, Tim Lancaster permaneceu vivo — sustentado pelos comissários que não deixaram que ele fosse levado pelo vento. A habilidade e o controle do copiloto foram fundamentais para que o avião fosse pousado em segurança.

Contra todas as expectativas, todos a bordo sobreviveram. O episódio tornou-se referência em treinamentos, documentários e foi retratado na série Mayday, sendo lembrado até hoje como um dos momentos mais dramáticos e milagrosos já registrados na aviação.

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