Operação resgata mais 56 pessoas em trabalho escravo no RS
Os trabalhadores foram encontrados sem local de descanso adequado, dormindo embaixo do ônibus para se protegerem do sol e comendo em meio a formigas

Mais 56 pessoas foram resgatadas nesta sexta-feira (10), em duas propriedades rurais no interior de Uruguaiana, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, em condições degradantes de trabalho. Entre as condições estavam a falta de fornecimento de água e comida azeda, além de caminhadas sob o sol escaldante por cerca de uma hora para chegar ao local de trabalho.
O auditor-fiscal do trabalho Vitor Siqueira Ferreira relatou que a situação impressionou até mesmo os órgãos de fiscalização. Os trabalhadores foram encontrados sem local de descanso adequado, dormindo embaixo do ônibus para se protegerem do sol e comendo em meio a formigas. Alguns trabalhadores dormiam em espumas e camisas usadas como colchão.
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Eles recebiam R$ 100 diários e, além de não possuírem equipamentos de proteção para o uso de agrotóxicos, faziam o corte manual do arroz com instrumentos inapropriados, como uma faca doméstica. O auditor também disse que a situação era tão precária que muitos dos resgatados ficaram doentes, tendo a remuneração descontada caso isso ocorresse. Dez adolescentes, com idade entre 14 e 17 anos, também foram resgatados, sendo que um deles sofreu um acidente com um facão e ficou sem movimentos em dois dedos do pé.
Os trabalhadores eram da própria região e teriam sido recrutados por um agenciador de mão de obra que atuava na Fronteira Oeste. O responsável pela contratação foi preso em flagrante e será encaminhado ao sistema penitenciário. Segundo Vitor Siqueira Ferreira, as pessoas foram obrigadas a vender sua dignidade como trabalhadores em troca de um valor para sua subsistência, sendo que deveriam ter vendido sua força de trabalho por condições dignas, o que não ocorreu.