Pesquisadores da UEL desenvolvem metodologia para estudo da morfologia do Aedes aegypti com Tomografia por Raios X
O estudo foi publicado recentemente na Revista “Micron”, uma das principais na área de Microscopia e análise de imagens

Pesquisadores do Laboratório de Física Nuclear Aplicada, do Centro de Ciências Exatas da Universidade Estadual de Londrina (CCE-UEL), desenvolveram uma metodologia inédita que vai amparar estudos sobre as estruturas morfológicas do mosquito Aedes aegypti, que veicula o vírus da dengue, Chikungunya e Zika. A metodologia usada, microtomografia computadorizada por Raio-X (micro-CT), gera imagens tridimensionais de alta resolução e permite obter definições dos órgãos internos do mosquito, abrindo possibilidades de estudos detalhados na área da Entomologia médica. O estudo foi publicado recentemente na Revista “Micron”, uma das principais na área de Microscopia e análise de imagens.
O novo método representa a pesquisa do estudante de Doutorado do Programa de Pós-graduação em Física da UEL, Mateus Gruener Lima, orientado pelo professor Eduardo Inocente Jussiani, ambos do Laboratório de Física Nuclear Aplicada. Também participaram do estudo os pesquisadores Avacir Casanova Andrello (Departamento de Física), João Antonio Cyrino Zequi e Edson Kenji Kawabata, do Laboratório de Entomologia Geral e Médica, do Centro de Ciências Biológicas da UEL (CCB).
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A microtomografia computadorizada por Raios-X para avaliação do mosquito Aedes aegypti utiliza imagens tridimensionais na escala micro, e garante uma excelente definição para avaliação das estruturas de insetos. Os pesquisadores testaram a metodologia no Aedes aegypti, mas há a possibilidade de aprimoramento para estudos em outras espécies de insetos. Para isso seria necessário realizar ajustes na marcação e na concentração de iodo, o líquido utilizado para contraste.
O professor Eduardo Inocente explica que a pesquisa conseguiu definir adequadamente a concentração do iodo e o tempo de uso da substância para a obtenção da melhor imagem. Essa marcação foi fundamental para permitir visualizar as estruturas internas com precisão. Os resultados indicaram que um período de marcação de aproximadamente 24 horas é o mais adequado para o estudo do Aedes aegypti em sua fase adulta. Além disso, a micro-CT revelou ser uma técnica promissora para a análise de estruturas individuais desse mosquito, incluindo órgãos do sistema digestivo e reprodutivo.
“Dessa forma conseguimos desmontar o mosquito”, compara ele. O doutorando autor do estudo produziu uma animação onde é possível observar a imagem “dissecada” do Aedes. Ao observar as imagens em movimento, nota-se os detalhes da estrutura, uma possibilidade possível somente a partir da dissecação do inseto, utilizando microscópios sensíveis, em laboratório.
Repercussão
O professor João Zequi confirma o ineditismo da metodologia e acrescenta que as imagens obtidas com o método possibilitam observar com precisão o volume e a morfologia, o que só era possível a partir de uso de microscopia eletrônica de transmissão ou por meio de varreduras, uma técnica mais cara e que acaba destruindo a amostra. O professor lembra que o início da pesquisa ocorreu em 2014 quando ele visitou o Laboratório de Física Nuclear Aplicada. Na época os pesquisadores utilizavam a técnica de microtomografia para análise de diferentes materiais, entre eles, a avaliação de rochas em estudos relacionados à Geologia.
Foi quando os pesquisadores vislumbraram a possibilidade de utilização do equipamento para a observação das estruturas do mosquito Aedes.
Com informações da UEL.