Polícia Federal apreende R$ 3 milhões em espécie na casa de desembargador suspeito de venda de sentenças
O dinheiro foi encontrado em uma mala, no meio de uma operação que foi incluída em 44 endereços relacionados ao inquérito

A Polícia Federal apreendeu nesta quinta-feira (24) R$ 3 milhões em espécie na casa do desembargador aposentado Júlio Roberto Siqueira Cardoso, em Campo Grande. A apreensão faz parte da Operação Última Ratio, que investiga um esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS). Cardoso é suspeito de participar de um julgamento irregular que teria levado ao pagamento indevido de mais de R$ 5 milhões a uma advogada com quem mantinha “estreitos laços”. O dinheiro foi encontrado em uma mala, no meio de uma operação que foi incluída em 44 endereços relacionados ao inquérito. Além dos montantes em espécie, o investigador confiscaram um cofre em outra residência e encontraram um arsenal de armas, incluindo espingardas e revólveres.
As diligências ordenadas pelo ministro Francisco Falcão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) também resultaram no afastamento de cinco desembargadores do TJ-MS, incluindo o presidente do Tribunal, Sérgio Fernandes Martins. Em uma decisão de 120 páginas, o ministro detalhou as alegações contra os envolvidos e autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Cardoso, que se aposentou em junho. A decisão permite ao pesquisador examinar transações imobiliárias de grande valor, realizadas pelo desembargador com recursos de origem não identificados.
Um dos pontos de interesse é a compra de imóveis em Campo Grande e na Bahia, incluindo uma casa avaliada em R$ 1,4 milhão, cujo pagamento registrado foi de apenas R$ 450 mil. A investigação também aponta para uma transferência financeira em 2021: um depósito em espécie de R$ 90 mil, feito em favor de Cardoso por uma ex-assessora. A PF chegou a pedir a prisão de Cardoso, mas o pedido foi negado pelo ministro Falcão, que acatou a avaliação do Ministério Público Federal (MPF) de que o afastamento dos servidores envolvidos seria suficiente para “estancar a prática delitiva e garantir o bom andamento das apurações”. Até o momento, o Estadão aguarda o retorno de Cardoso ou de seus representantes. O espaço permanece aberto para manifestações. A Operação Última Ratio segue em andamento, com a expectativa de que novos desdobramentos venham à tona nos próximos dias.
Com informação do Estadão.