“Preta do Leite” leva arte, ancestralidade e histórias orais a comunidades quilombolas do Paraná
Projeto “Mundo do Meio”, da londrinense Edna Aguiar, inicia segunda fase com apresentações em quilombos e assentamentos, promovendo o resgate cultural e a democratização da arte

Depois de passar por territórios indígenas, assentamentos e acampamentos, a personagem Preta do Leite, interpretada pela pesquisadora, cantora, atriz e professora londrinense Edna Aguiar, inicia um novo trajeto: desta vez, em comunidades quilombolas do Paraná. A ação integra a segunda e última fase do projeto Mundo do Meio, aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), do Ministério da Cultura, através do Edital Viva Cultura.
O espetáculo mistura teatro, música e contação de histórias, resultante de uma pesquisa de Edna sobre tradições orais da cultura iorubá, narrativas indígenas, contos populares e canções tradicionais que moldaram a cultura brasileira. “Descobri que algumas histórias que eu contava já não eram mais lembradas nos territórios indígenas. Ouvir os mais velhos foi essencial para o meu trabalho e para perceber que essas narrativas precisam ser recontadas e despertadas”, explica Edna.
Uma figura mítica da cultura popular
A Preta do Leite é uma personagem presente no imaginário popular, principalmente no Paraná e em Minas Gerais. Mulher falante, que saía de madrugada levando leite de porteira em porteira, era também a “rádio ambulante” de sua comunidade, compartilhando histórias, novidades e memórias.
Desde 2010, Edna dá vida à figura, que reflete sua própria ancestralidade — descendente de kaingang por parte de mãe e de africanos por parte de pai. “A Preta do Leite tem como objetivo maior informar. É uma forma de reconectar minhas raízes e dar voz a ancestralidades que foram silenciadas”, afirma a artista.
Agenda
12 de setembro – Quilombo Restinga (Lapa)
17 de setembro – Assentamento Eli Vive II (Lerroville, Londrina)
20 de setembro – Quilombo Batuva (Guaraqueçaba, Vale do Ribeira)
Além das apresentações, está prevista a produção de um curta-metragem documental, que será exibido nas comunidades visitadas e disponibilizado online. O projeto pode ser acompanhado pelo perfil no Instagram.