No ano de 2024, a Secretaria Municipal de Cultura fomentou a realização de aproximadamente 117 projetos culturais, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic). Essas iniciativas abrangeram diversas áreas culturais, como as artes plásticas, artes de rua e artes gráficas, cinema, dança, música, teatro, fotografia, literatura, hip hop e outras. Todas foram contempladas nas cinco regiões da cidade, proporcionalmente ao número de projetos apresentados e para cada edital publicado.
Com a publicação de quatro editais de seleção em 2024, os investimentos efetuados pelo Promic foram divididos entre Projetos para Vilas Culturais (n° 001/2024), com o investimento de R$ 630.000,00; Projetos Estratégicos e Estruturantes (n° 002/2024), com o investimento de R$ 1.620.000,00; Projetos Independentes (n° 003/2024), com R$ 1.700.000,00 e Premiação a Coletivos Culturais de Batalha de Rima (n° 004/2024) R$ 200.000,00. Vale ressaltar que dentre os projetos desenvolvidos neste ano, há atividades de editais publicados em 2023 que foram executados em 2023 e 2024. Além disso, há aproximadamente 46 projetos independentes selecionados por meio do Edital n° 003/2024, que serão executados apenas em 2025.
E em 2025, o orçamento previsto pela Prefeitura para destinar ao Programa Municipal de Incentivo à Cultura é de R$ 5,3 milhões. Para a secretária municipal de Cultura, Maria de Fátima Beraldo, o Promic significa a estabilidade para a realização de tantas ações e atividades culturais em Londrina. “Este é um programa que garante o investimento inicial que sustenta muitas produções. Ele tem sido, ao longo de todos estes anos, um parceiro que atravessou muitos desafios e que segue firme apoiando a cultura. É, ainda, considerado modelo para os municípios e garantiu o repasse de mais de 60 milhões de reais neste período. Assim, a responsabilidade de continuar trabalhando firme para que, ano a ano, ele possa continuar trazendo uma agenda repleta de espetáculos, oficinas, festivais, feiras, e tantas outras atividades”, salientou.
Novos horizontes – Instaurado em 2002 pelo então secretário municipal Bernardo Pellegrini, o Promic vem garantindo à população londrinense o acesso à cultura de forma democrática, popular e gratuita. “Os editais contemplam diferentes linguagens culturais, do erudito ao popular, que serão representadas por projetos em diversos aspectos culturais. Através de editais direcionados para o atendimento de públicos específicos e comunidades, o Promic prevê a adoção de sistema de cotas para inclusão de produtores afrodescendentes e indígenas, edital para projetos de circulação cultural que asseguram a gratuidade aos eventos, além de projetos de caráter formativo, que atendem crianças e adolescentes das periferias e escolas públicas”, segundo informações repassadas pela Diretoria de Incentivo à Cultura.
Fundada em julho de 2003, o Instituto de Cinema e Vídeo – Kinoarte foi idealizado após a realização de uma oficina de Cinema Super-8 organizada pelo jornalista e produtor cultural Caio Cesaro. O grupo participante da oficina entendeu que queria dar continuidade e viabilizar o acesso a uma atividade audiovisual na cidade, possibilitando a formação da Kinoarte. “Desde então a gente vem realizando projetos de formação – as Oficinas Kinoarte -, onde trouxemos diversos profissionais de destaque no meio para nós aprendermos com eles e também ir praticando o ‘fazer audiovisual’”, contou Bruno Gehring, membro fundador e coordenador da Kinoarte.
O instituto, que obtém patrocínio do Promic desde 2005, também realizou diversos projetos de formação de público durante esses anos, como o Festival Kinoarte de Cinema, Kinoclube e o Kinoarte Mostra Curtas. Segundo Gehring, a grande maioria dos realizadores dessa geração passaram pelos cursos e oficinas patrocinadas pelo programa. “O Promic sempre foi nosso maior patrocinador, com toda a certeza não teríamos essa produção atual tão desenvolvida na cidade sem o incentivo”, salientou.
Por outro lado, mas também aproveitando o registro visual, o Coletivo FotoFlores, criado em 2019 por um grupo de adolescentes da Ocupação Flores do Campo e pelo fotógrafo Gabriel Melhado, foi um dos projetos selecionados pelo Promic em 2024. Fundado como um espaço de experimentação, criação de vínculos e laços de amizade e autoconhecimento, o propósito do coletivo, segundo Melhado, é prestigiar a história da Ocupação Flores do Campo, sua luta, e contribuir com o desenvolvimento do bairro em diversas frentes: combatendo as narrativas que criminalizam a ocupação, oferecendo educação e arte pra vizinhança e criando pontes entre o centro e a periferia.
Ao longo dos seus primeiros anos, o Coletivo FotoFlores foi financiado através de doações pontuais, e se manteve pela força de vontade dos próprios integrantes. Mas à medida que o coletivo foi amadurecendo, seus objetivos cresceram e a necessidade de um planejamento institucional que demandasse financiamento foi ficando cada vez mais latente. “O Promic significou, para nós, a possibilidade de darmos novos passos. Através de seu financiamento, colocamos o Coletivo em contato com outros profissionais da fotografia e com agentes culturais através de um processo de formação”, contou o coordenador Gabriel Melhado.
Atualmente o coletivo está com a exposição “Movimento em Construção” em cartaz, no espaço da Divisão de Artes Plásticas (DaP) da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Composta por 84 fotografias, a iniciativa é resultado de um processo de formação intensivo que capacitou adolescentes de 10 a 18 anos em diversas áreas, como fotografia, design, produção, curadoria, expografia, comunicação e assessoria de imprensa. Atualmente em recesso, a exposição será reaberta em 22 de janeiro de 2025, permanecendo em cartaz até o mês seguinte.
Cultura e Resistência – Durante os 22 anos de atuação do Programa Municipal de Incentivo à Cultura, o programa passou por diversos debates e lutas acerca da existência de seus financiamentos. Gehring afirma que a importância do Promic é muito grande, tanto simbólica quanto numericamente. “A atividade cultural é a que mais gera postos de trabalhos e a que mais se multiplica na cadeia produtiva. Movimenta a economia, não polui, colabora com a saúde das pessoas, proporciona o intercâmbio entre diversas realidades e pessoas”, apontou.
Segundo Melhado, em Londrina e em todo o Brasil, existem incontáveis iniciativas culturais que navegam por fora do circuito comercial. Em razão disso, esbarram, muitas vezes, nas limitações financeiras. “É nessa esfera que atua o Promic, a nosso ver: um fomentador de política cultural descentralizada. O Coletivo FotoFlores e os demais selecionados no Programa tornam-se, com o financiamento, executores de política pública cultural, trazendo à sociedade reflexões e debates não determinados pela lógica mercadológica, que são fundamentais para avançarmos na luta por justiça social”, acrescentou. Com informações do N.Com.