Secretário confirma despejo clandestino de esgoto no Lago Igapó de Londrina e promete punições severas
A secretaria prepara a dosimetria da multa, que será definida nos próximos dias, levando em conta os danos ambientais e os custos operacionais do município para mitigar os impactos

O secretário municipal do Ambiente de Londrina, Gilmar Domingues Pereira, confirmou nesta sexta-feira (17) que a Secretaria Municipal do Ambiente (Sema), em parceria com a Sanepar, identificou um ponto de lançamento clandestino de esgoto bruto no Lago Igapó 2, próximo a Rua Bento Munhoz da Rocha. A descoberta ocorreu durante uma operação de fiscalização intensificada após análises laboratoriais apontarem níveis elevados de fósforo, nitrogênio e coliformes fecais na água do lago. Segundo o secretário, o despejo irregular foi rastreado até um condomínio residencial localizado na Rua Caracas, na região próxima ao lago. “Utilizamos uma técnica simples e eficaz, com aplicação de corante em um banheiro de uso comum do condomínio, o que permitiu identificar com precisão o ponto de lançamento”, explicou Pereira. O condomínio foi notificado formalmente e recebeu um prazo de 24 horas para solucionar o problema.
A Sema informou que o caso será tratado como crime ambiental, e o Ministério Público do Meio Ambiente já foi comunicado. A secretaria prepara a dosimetria da multa, que será definida nos próximos dias, levando em conta os danos ambientais e os custos operacionais do município para mitigar os impactos. “Independentemente de dolo ou não por parte do condomínio, está comprovado o lançamento criminoso de esgoto no Lago Igapó”, afirmou o secretário. As análises que motivaram a operação detectaram também uma superpopulação de microalgas e macrófitas (as chamadas ‘alfaces d’água’), além da presença de duas possíveis espécies de cianobactérias, segundo laudo preliminar da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, UTFPR. O acúmulo desses organismos, agravado pela escassez de chuvas e pelo aumento da carga orgânica no lago, tem comprometido a qualidade da água e o equilíbrio do ecossistema.
“Estamos enfrentando um quadro preocupante. A diminuição das chuvas reduziu o volume e a velocidade da água, favorecendo o acúmulo de nutrientes e a proliferação de algas. Com o despejo irregular de esgoto, a situação se agrava ainda mais”, ressaltou o secretário. A prefeitura tem realizado operações diárias de limpeza das plantas aquáticas. Desde 22 de setembro, oito caminhões basculantes cheios de macrófitas foram removidos dos quatro lagos que compõem o complexo Igapó. A Sema e a CMTU mobilizaram equipes e testam agora métodos mecânicos de retirada para acelerar o processo. O secretário também anunciou que a fiscalização será ampliada para outros pontos da cidade, incluindo o Lago Norte, que já está sob investigação por suspeita de outro despejo clandestino. “Quem mora na bacia de contribuição do Igapó deve ficar atento. Vamos intensificar as vistorias e punir quem insistir em práticas que agridem o meio ambiente”, reforçou.
A multa por crime ambiental pode variar de R$ 50 a R$ 50 milhões, conforme previsto na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998). Segundo Pereira, além das sanções, o município buscará responsabilizar a construtora e os profissionais técnicos envolvidos no projeto do condomínio que originou o despejo. “Londrina está tratando o Lago Igapó como uma prioridade ambiental. O lago está doente, mas vamos recuperar sua saúde. Isso passa por eliminar as fontes de poluição e cobrar de todos os responsáveis”, concluiu o secretário.