Seis pacientes são contaminados com HIV após receberem órgãos de doadores no Rio de Janeiro; laboratório é investigado
O caso, inédito no estado, veio à tona após um paciente, que recebeu um coração em janeiro, testar positivo para o vírus, apesar de não ter HIV antes da cirurgia

Seis pacientes da fila de transplante no Rio de Janeiro (RJ) foram contaminados com HIV após receberem órgãos de dois doadores, devido a falhas nos exames realizados pelo laboratório PCS Lab Saleme, contratado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ). O caso, inédito no estado, veio à tona após um paciente, que recebeu um coração em janeiro, testar positivo para o vírus, apesar de não ter HIV antes da cirurgia. A partir desse caso, investigações revelaram que outros cinco pacientes também foram infectados, após receber rins e outros órgãos dos mesmos doadores.
As investigações apontam que os erros ocorreram nos exames de sorologia feitos pelo PCS Lab Saleme, contratado emergencialmente por R$ 11 milhões. A SES-RJ confirmou que amostras de sangue guardadas mostraram, em contraprovas, que os doadores eram, de fato, portadores do HIV. A Anvisa descobriu ainda que o laboratório não possuía os kits necessários para realizar os exames e não apresentou comprovantes de compra dos itens, levantando suspeitas de que os testes foram forjados.
O laboratório foi interditado pela Coordenadoria Estadual de Transplantes e pela Vigilância Sanitária, e o caso está sendo investigado pela Delegacia do Consumidor (Decon), além de outros órgãos, como o Ministério Público, que instaurou inquérito para apurar as irregularidades. A SES-RJ transferiu todos os exames de sorologia para o Hemorio, que retestará material armazenado de 286 doadores para garantir a segurança dos futuros transplantes. As investigações continuam, e as autoridades estão à disposição para prestar assistência às famílias afetadas. Até o momento, o PCS Lab Saleme não se pronunciou sobre o caso.