Silvio Santos é enterrado no Cemitério Israelita do Butantã, em São Paulo, em cerimônia judaica neste domingo
Silvio Santos deixa a esposa Íris, duas filhas do primeiro casamento e quatro filhas do segundo casamento, além de netos e bisnetos. Foto: SBT

O corpo do apresentador e empresário Silvio Santos foi enterrado na manhã deste domingo (18), no Cemitério Israelita do Butantã, localizado na Zona Oeste de São Paulo, em uma cerimônia judaica reservada para amigos e familiares. A informação foi divulgada pela assessoria do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), emissora da qual ele era proprietário. A família de Silvio Santos, que morreu na madrugada de sábado (17), na capital paulista, aos 93 anos, informou que não iria realizar velório, um pedido feito em vida por Senor Abravanel – nome de batismo de Silvio Santos.

“Ele pediu para que, assim que ele partisse, que o levássemos direto para o cemitério e fizéssemos uma cerimônia judaica. Ele pediu para que não explorássemos a sua passagem. Ele gostava de ser celebrado em vida e gostaria de ser lembrado com a alegria que viveu. Ele nos pediu para que respeitássemos o desejo dele. E assim vamos fazer”, disseram familiares.

O apresentador e empresário morreu às 4h50 de sábado (17) em decorrência de uma broncopneumonia após uma infecção por Influenza (H1N1). Ele estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Silvio Santos deixa a viúva Íris Abravanel, com quem era casado desde 1978; seis filhas – Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata, do casamento com Íris; e Cíntia e Silvia, do primeiro casamento, com Cidinha, que morreu em 1977 – além de 14 netos e 4 bisnetos.

Das ruas para o rádio – Conhecido como o homem do Baú da Felicidade, Silvio Santos nasceu na Lapa, no Rio de Janeiro, em 1930. Senor Abravanel – seu nome de batismo – era filho de imigrantes judeus e tinha cinco irmãos. Dono de uma voz e risada marcantes, a história dele se confunde, desde os anos 60, com a da própria televisão no Brasil. Aos 14 anos, começou a trabalhar como camelô, no centro do Rio. Pego por um fiscal da prefeitura, que enxergou talento no vendedor, Abravanel foi levado pela primeira vez para fazer teste numa rádio. Começava aí a carreira do comunicador.

Televisão – O empresário iniciou sua carreira, nos veículos de comunicação, como locutor na Rádio Nacional de São Paulo na década de 1950, na mesma época em que assumiu a empresa Baú da Felicidade, do amigo Manuel de Nóbrega. Na década seguinte, passou a apresentar programas televisivos na antiga TV Paulista, que foi adquirida posteriormente pela TV Globo. Seus primeiros passos na televisão foram no programa “Vamos brincar de forca”. Na década de 1960 tem início o programa com seu nome na TV Globo, o Programa Silvio Santos, que inicialmente era exibido apenas para a praça de São Paulo. A atração só passaria a ser transmitida em rede nacional em 1969. O programa tinha oito horas de duração e tornou o apresentador uma das estrelas da TV brasileira.

Em 1975, uniu de vez as carreiras de apresentador e de empresário. O então presidente da República Ernesto Geisel assinou a outorga de um canal de TV no Rio de Janeiro, embrião para a fundação, em 1981, do SBT. No SBT, apresentou programas que fizeram história na televisão brasileira, como Show de Calouros, Porta da Esperança e Topa Tudo por Dinheiro. Silvio passava várias horas no ar todos os domingos, recebendo pessoas comuns que participavam de gincanas variadas, geralmente em troca de pagamento em dinheiro. Mesmo a plateia poderia sair com um dinheiro a mais no bolso. Bastava pegar um dos inúmeros aviõezinhos feitos com cédulas e jogados pelo apresentador, uma das suas marcas registradas ao longo de décadas.

Política, homenagem e polêmicas – Em 1989, Silvio Santos tentou concorrer à presidência da República, na primeira eleição direta após a ditadura, mas sua candidatura foi questionada pelos demais partidos e não foi aceita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As eleições acabaram sendo vencidas por Fernando Collor. Em 2001, viveu um ano conturbado e de extrema exposição pública. Foi homenageado pela escola de samba Tradição, no carnaval carioca e, em agosto, viveu o sequestro da filha Patrícia e, na sequência, o dele próprio, que só terminou com a presença do então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Em 2010, enfrentou um rombo bilionário nas contas do Banco Panamericano, uma de suas empresas, que acabou tendo o controle vendido para o BTG. Comunicador de talento e carisma inquestionáveis, Silvio Santos também se envolveu em polêmicas ao longo da carreira, desde o lobby junto aos generais da ditadura para conseguir as concessões dos canais de TV, até declarações discriminatórias nos últimos anos, em seu programa de auditório. Com informações do G1 São Paulo e Agência Brasil.