Totens de segurança: Câmara de Londrina cobra explicações sobre desativação
O objetivo do convite da CML foi compreender os motivos da mudança de posicionamento do Poder Público, mesmo após a gestão anterior apontar resultados positivos e planejar expandir o número de unidades de monitoramento, como mostram documentos públicos

Na sessão plenária de terça-feira (06) da Câmara Municipal de Londrina (CML), o secretário municipal de Defesa Social, Felipe Juliani, e o presidente da Companhia de Tecnologia e Desenvolvimento (CTD), Roberto Moreira, prestaram esclarecimentos sobre a retirada dos totens de segurança instalados na cidade. O convite foi feito pelo vereador Emanoel (Republicanos), por meio do requerimento nº 307/2025, após o Executivo Municipal desativar dois dos 12 equipamentos que funcionavam em Londrina, um deles em frente ao Ginásio de Esportes Moringão (região central) e o outro no Espaço CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados), no Jardim Santa Rita, zona oeste. O objetivo do convite da CML foi compreender os motivos da mudança de posicionamento do Poder Público, mesmo após a gestão anterior apontar resultados positivos e planejar expandir o número de unidades de monitoramento, como mostram documentos públicos.
O atual contrato para a instalação dos postos eletrônicos de segurança (totens) foi firmado em setembro de 2023, entre a Prefeitura de Londrina, por meio da CTD, e a empresa Helper, com previsão de término em junho deste ano. A contratação foi realizada por inexigibilidade de licitação, o que significa que a Administração Pública reconheceu que, naquele momento, não havia concorrência viável entre fornecedores para aquele tipo de serviço — por exclusividade da solução ofertada. O contrato original previa a instalação de 8 equipamentos, porém um aditivo assinado em outubro de 2024 incluiu mais 4 unidades. A ampliação foi justificada pela avaliação positiva da eficácia dos equipamentos, que se comunicam em tempo real com a Central de Monitoramento da Guarda Municipal e haviam demonstrado, segundo a gestão anterior da Secretaria Municipal de Defesa Social, bons resultados na prevenção de delitos e no aumento da sensação de segurança.
O valor anual da contratação é de aproximadamente R$ 2,5 milhões, o que corresponde a um terço de todo o orçamento da Secretaria Municipal de Defesa Social, que é de cerca de R$ 7,5 milhões, de acordo com o secretário Felipe Juliani. Ele considerou que é um custo alto pelo baixo retorno que o equipamento oferece, pois, segundo ele, os totens são utilizados pela Guarda Municipal meramente como câmeras de monitoramento. Juliani também apresentou aos vereadores um relatório do uso dos totens (documento disponível ao final da reportagem) e argumentou que os equipamentos não inibem crimes como tráfico e uso de drogas, como, por exemplo, na Praça da Bandeira e no Bosque Central, locais onde estão instalados.
Cada totem, com 4 metros de altura, está equipado com câmeras de vigilância fixas e 360º. Os equipamentos possuem um botão de emergência ligado diretamente ao Centro de Comando e Controle da Guarda Municipal e podem ser acionados diretamente por cidadãos em situações de emergência. Além disso, a câmera 360º tem tecnologia de reconhecimento de placas. Para a atual gestão, os equipamentos são ineficazes e, por isso, serão trocados por outros sistemas, mediante testes gratuitos realizados por novas empresas. O secretário Felipe Juliani explicou que os equipamentos que substituirão os retirados deverão ter reconhecimento facial e reconhecimento de placas de veículos, permitindo a captura de imagens com maior amplitude e precisão.
O vereador Emanoel, autor do convite para os representantes do Poder Executivo, destacou que os totens criaram uma sensação de segurança nas comunidades que vivem ao redor e citou, como exemplo, a Praça Dom Pedro I, no Jardim Shangri-lá, onde, no passado, havia acampamentos de pessoas em situação de rua e, após a revitalização do local e instalação dos totens, a praça ficou disponível para uso dos moradores. “O totem não está ali para prender e não está ali para fazer a função da polícia e da Guarda Municipal. O totem está ali para poder inibir as pessoas. De fato, onde esses totens estão, tem sim uma sensação de segurança para as pessoas que vivem ao redor. Tirar isso, eu acredito que é um retrocesso. Esses totens já existem em várias cidades do país e, até onde fui buscar informações, a única coisa que eles não fazem é o reconhecimento facial para saber se aquela pessoa é um foragido, por exemplo. Nas cidades onde esses totens foram implementados, foi muito positivo”, argumentou.
Emanoel também manifestou preocupação com a retirada dos equipamentos e defendeu que novos dispositivos tecnológicos sejam instalados nos mesmos locais, para que a população não seja prejudicada. “Se esses totens serão substituídos, precisamos saber se estes lugares terão outras tecnologias, se vai ser ampliado o número de totens e quais pontos serão contemplados. Porque, se a gente não cuidar, serão tirados estes e outros virão? Serão remanejados? E as pessoas que já têm essa sensação de segurança?”, questionou. Como nem todas as dúvidas foram respondidas em plenário, o vereador pretende enviar um pedido de Informação à Prefeitura de Londrina para obter as respostas. Com informações da Câmara Municipal de Londrina.