Um anúncio de vaga para assistente social divulgado pela empresa Verzani & Sandrini gerou forte repercussão negativa nas redes sociais nesta semana. A descrição da função, que inclui “abordar pedintes, menores e pessoas em situação de rua para tirá-los do foco do cliente e posteriormente fazer uma ação social com a prefeitura”, foi considerada discriminatória e aporofóbica — termo usado para descrever o desprezo à pobreza. O cargo seria destinado ao Shopping Pátio Paulista, na Avenida Paulista, em São Paulo. A polêmica aumentou após a denúncia do padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, que criticou publicamente a forma como a situação foi tratada pela empresa.

Em nota, a Verzani & Sandrini afirmou que o conteúdo foi divulgado “de forma inadequada”, por meio de um sistema automatizado de replicação de vagas, e que solicitou a retirada do anúncio de todas as plataformas. A empresa presta serviços terceirizados nas áreas de segurança, limpeza e manutenção. O Shopping Pátio Paulista, por sua vez, informou que não tinha conhecimento prévio do conteúdo do anúncio e declarou que “não compactua com esse tipo de abordagem”.

A vaga exigia formação superior em Serviço Social, registro no CRESS-SP, conhecimento sobre o funcionamento do CRAS e habilidades em pacote Office para elaboração de relatórios mensais. O anúncio também mencionava benefícios como vale-refeição, vale-alimentação, vale-transporte, assistência odontológica e gympass. Apesar de mencionar que as pessoas em situação de rua deveriam ser encaminhadas aos serviços municipais, o texto da vaga gerou críticas por priorizar o “foco do cliente” em detrimento da dignidade e dos direitos dessas pessoas.