Veneno de cascavel pode ajudar no combate ao câncer de mama agressivo, aponta estudo da USP
Pesquisa da USP mostra que proteína da cascavel eliminou células de câncer de mama triplo negativo em testes de laboratório

Pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), da Universidade de São Paulo (USP), descobriram que uma proteína presente no veneno da cascavel, chamada crotoxina, tem potencial para destruir células de um tipo agressivo de câncer de mama. O estudo, publicado na revista científica Toxicon, analisou os efeitos da substância em laboratório, em células cultivadas in vitro.
A crotoxina é uma proteína naturalmente tóxica, mas que tem sido investigada há mais de 20 anos por suas possíveis aplicações medicinais. No experimento da USP, ela demonstrou uma forte ação antitumoral, sendo capaz de induzir a morte programada de células cancerosas (apoptose) e inibir a autofagia — processo que permite a sobrevivência de células doentes. Um dos destaques do estudo é que a crotoxina agiu de forma seletiva: afetou apenas as células do câncer de mama do tipo triplo negativo, sem danificar células saudáveis.
Esse tipo de tumor representa cerca de 15% dos casos de câncer de mama e é conhecido pela agressividade e pela resistência a terapias tradicionais. Além da ação direta sobre o tumor, a crotoxina também apresentou propriedades imunomoduladoras, interferindo positivamente na resposta do sistema imunológico e na produção de substâncias inflamatórias.
Apesar dos resultados animadores, os cientistas ressaltam que a crotoxina ainda precisa passar por etapas fundamentais antes de chegar à aplicação clínica. Estão previstos novos estudos em modelos animais e, futuramente, ensaios clínicos em humanos, para que se possa comprovar a segurança e a eficácia do composto no tratamento do câncer.
A pesquisa abre caminho para o desenvolvimento de terapias inovadoras e, caso os resultados continuem positivos, pode representar uma esperança para pacientes com câncer de mama triplo negativo, que hoje enfrentam limitações severas nos tratamentos disponíveis.
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