A inteligência dos corvídeos, como corvos e gralhas, continua a surpreender cientistas. Um novo estudo publicado na revista Science revelou que essas aves não apenas resolvem problemas com eficiência comparável à de grandes símios, mas também demonstram habilidades cognitivas superiores às de crianças de quatro anos em testes de planejamento e tomada de decisão.

Pesquisadores da Universidade de Lund submeteram os corvos a uma série de desafios. Primeiro, ensinaram as aves a usar uma caixa de quebra-cabeças que exigia ferramentas específicas para liberar prêmios. Em seguida, os testes ficaram mais complexos: os corvos precisaram escolher entre uma recompensa imediata ou uma ferramenta que garantiria um prêmio melhor no futuro. Surpreendentemente, eles preferiram esperar pela recompensa maior, comportamento observado desde a primeira tentativa — algo que nem sempre acontece com crianças humanas na mesma idade.

Além disso, os corvos demonstraram memória impressionante, sendo capazes de lembrar o rosto de alguém que os enganou até um mês depois de uma interação. Para os cientistas, essas descobertas sugerem que a cognição avançada pode ter evoluído de forma independente em diferentes espécies, e não apenas em humanos e grandes símios.

O estudo também destaca a capacidade dos cérebros das aves de concentrar uma quantidade excepcional de neurônios, especialmente em corvídeos e papagaios, o que pode explicar seu desempenho extraordinário. Como aponta Can Kabadayi, autor da pesquisa, essas descobertas reforçam a importância de estudar a evolução da inteligência em trajetórias distintas da história natural.

A pesquisa levanta uma questão fascinante: quantas maneiras diferentes existem para construir uma mente complexa? E como o cérebro das aves conseguiu atingir tal nível de sofisticação cognitiva?

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