Carros populares mais baratos: será que agora vai dar para trocar de carro?
Carros populares mais baratos: será que agora vai dar para trocar de carro? | © Imagem Ilustrativa/Google

O preço dos carros nas alturas, as altas dos juros e a queda do poder de compra da população tiveram um efeito: a frota do país envelheceu! Cabe entender porque os carros e os juros subiram tanto nos últimos anos e se é verdade que o poder de compra caiu. Então vamos lá.

Desde o início da pandemia em 2019 com o lockdown na China, maior produtor de componentes automotivos, faltaram peças, aumentaram os custos de produção e frete, a alta do dólar e até a guerra na Ucrânia também impactaram. Aliado à isso, em 2020 estávamos em uma fase econômica bem diferente do que o Brasil estava acostumado. A perspectiva era boa. A Selic fechou em 2% e a inflação 4,52% ao ano.

Mas espera aí. Selic à 2% e inflação em 4,52% não são ótimos para a queda dos preços, inclusive dos carros? Sim, você tem razão meu caro leitor. Não fosse a pandemia, o setor automotivo estaria bombando, mas infelizmente isso não aconteceu. Muito pelo contrário, assim como em vários outros setores, tivemos falta da vários produtos, considerando a China ser o nosso maior fornecedor.

E o que de fato houve foi a escassez de carros novos nas automotivas. Tivemos falta de peças diversas, acabaram os estoques de carros novos nacionais e importados, fazendo compradores esperarem até sete meses para a chegada do seu carro novo e, isso logicamente não só fez com que os carros sofressem reajustes, mas sim, aumentassem em até 70% dependendo do modelo. Outro fato muito importante foi que a legislação também passou a exigir o uso de alguns componentes obrigatórios.

Quem tinha consórcio de veículo pôde comprovar isso diante do aumento do valor da carta de crédito e parcelas respectivas, já que o aumento se dá diante do valor do bem de referência. Pela primeira vez na vida, comprei um carro e vi mesmo depois de passados 05 anos, meu carro custar 10% mais do que paguei.

A média atual da frota de carros brasileira é de dez anos e sete meses, praticamente o mesmo nível atingido trinta anos atrás em 1994.Os mais vendidos são de 05 à 10 anos de fabricação, com valor médio de R$ 40.000,00 à R$ 50.000,00.

Na tentativa de estimular o setor, com a “desculpa” de ajudar os “mais pobres”, o governo anunciou (25/05) descontos de IPI, PIS e COFINS.

Segundo Alckmin “Primeiro item é social, é você atender mais essa população que está precisando mais”, justificando que quanto menor o carro, mais acessível, maior será o desconto”, mas que carros acima de R$ 120.000,00 também ficarão mais baratos.

Mas de fato, qual será o desconto real conseguido através das medidas impostas pelo governo? Estima-se que de 1,5% a até 10,96%.

Utilizando o exemplo do Fiat Mobi, o valor de entrada deste modelo está em R$ 68.900. Se ele se encaixar em todos os critérios e puder ser aplicado o maior desconto, de 10,9%, o preço cai para R$ 61.470,09. Vale lembrar que em 2019 o carro popular mais barato custava a partir de R$ 31.000,00.

A questão é: R$ 61.470,09 é um valor “popular”, ou seja, acessível para brasileiros com renda estimada baixa? Este percentual de descontos nos tributos realmente é bom? Qual a média de impostos sobre carros hoje?

De acordo com a associação das empresas fabricantes de veículos no Brasil, a carga tributária brasileira representa impressionantes 54,8% do valor total de um automóvel zero. Mais da metade do preço dos carros novos é composta somente por impostos (também considerando o ICMS). Os impostos são cobrados por quem mesmo? Ainda bem que o governo está nos ajudando!

Reflexão da semana: Precisamos rever rapidamente o conceito de “popular” quando atrelado à carro.

Dica da Jô: Sabe quem vai poder te ajudar de verdade? VOCÊ!

Desejo a você caro leitor uma excelente semana!

Joenice Diniz — Consultora Financeira | @joenicediniz