Febre maculosa é a nova doença do momento?

Por Suellen Córdova Gobetti

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Febre maculosa é a nova doença do momento?

Conhecido como carrapato-estrela ou micuim, o Amblyoma cajanense é um aracnídeo ectoparasita transmissor da febre maculosa, doença infecciosa que afeta não só os cães, mas também outros mamíferos e o ser humano.

De vida predominantemente rural, são costumeiramente lembrados por causar muita coceira no local onde picam seu hospedeiro, pois são hematófagos e precisam do sangue de outros seres vivos para se manter vivos.

São parasitas trioxenos, ou seja, precisam de três hospedeiros para completar seu ciclo de vida, sendo distintas as fases de larva, ninfa e adulto. Na fase adulta, após o acasalamento, a fêmea permanece no hospedeiro por cerca de dez dias, nutrindo-se para formar os ovos. Passado esse período, ela se solta do animal e retorna ao solo, onde deposita milhares de ovos antes de morrer. Os ovos então, aguardam o momento mais propício para a eclosão, que vai variar de acordo com a temperatura e umidade do local, entre 25 a 90 dias após postura. Eclodidas, as larvas podem permanecer inertes no ambiente por até seis meses a procura de um novo hospedeiro para se alimentar e assim que o encontram permanecem nele por um período de até cinco dias, onde mudarão de fase, agora para ninfas, retornando ao solo na procura do terceiro e novo hospedeiro, e nele, as fêmeas permanecerão por dez dias se alimentando até completar o ciclo na fase adulta e iniciar a reprodução.

Os produtos comerciais ectoparasiticidas, como coleiras, comprimidos palatáveis e líquidos de aplicação pour on no dorso dos animais, agem nessa terceira fase, impedindo que a fêmea termine o ciclo e deposite os ovos no ambiente.

Mas voltando a falar sobre a doença da febre maculosa, os carrapatos do tipo estrela podem ser reservatórios da bactéria Rickettsia rickettsii, uma zoonose (doença dos animais que pode ser transmitida ao ser humano) que provoca febre alta, dores musculares, dores abdominais, vômito e diarreia, entre outros sintomas. Sinais esses muito parecidos com outras doenças, incluindo a dengue. Portanto, se você esteve em áreas de mata fechada, fazendas, ou locais que possuam animais que comprovadamente possuem altas taxas de infestação por carrapatos, como as capivaras, cavalos e bois, e apresentar algum desses sintomas, deve buscar auxílio médico imediato e não se automedicar, pois nem sempre é possível ver as picadas no corpo. Relatar ao seu médico que esteve nesses locais pode ser o diferencial para o início do protocolo de tratamento imediato com antibióticos específicos, já que os sintomas demoram, em média, 14 dias para se manifestar.

Nos cães, os sintomas iniciais da doença são pouco específicos e a procura pela presença do carrapato é fundamental para diferenciar a febre maculosa de outras doenças transmitida por carrapatos, como a erliquiose. Geralmente as fêmeas localizam-se dentro do canal auditivo, entre as patas e ao redor do rabo. Tratada no início, tem cura. Mas em estágios avançados, pode ser fatal.

Ao encontrar um carrapato no corpo do seu pet, ou mesmo em você, a orientação é retirá-lo inteiro, sem esmagamento, com a ajuda de uma pinça ou dos dedos. A bactéria é transmitida pela saliva dos carrapatos e arrancá-lo diminui o risco da inoculação de uma quantidade maior da bactéria no hospedeiro.

Apesar de ser uma zoonose, o ser humano não é o hospedeiro preferencial do carrapato-estrela, e a contaminação se dá em casos de surtos específicos. Apenas 1% da população do carrapatato-estrela está contaminado com a bactéria causadora da febre maculosa e o fato de ter sido picado ou ter entrado em contato com ele não significa que você ficará doente. Mas o conhecimento e a prevenção são a chave para a cura dessa doença.

Dra Suellen Córdova Gobetti | Médica Veterinária | CRMV/PR 7166
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Suellen Córdova Gobetti

Médica Veterinária | Dra em Ciência Animal, especialista em Nutrição Animal | Saúde e Bem Estar Animal