Saiu o resultado do governo dos primeiros seis meses: “déficit primário de R$ 42,5 bilhões
Saiu o resultado do governo dos primeiros seis meses: "déficit primário de R$ 42,5 bilhões | © Imagem Ilustrativa

Primeiramente o que é considerado Déficit Primário?

Representa o resultado negativo das contas do setor público = despesas menos receitas (na forma de arrecadação de tributos), desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública.

A Nota significa que o governo federal encerrou o 1º semestre de 2023 com rombo nas contas públicas. Registrando déficit primário de R$ 42,5 bilhões, ou seja, gastou mais do que arrecadou.

É interessante entender de fato o que houve antes de julgarmos. Então vamos aos números e explicações publicadas no próprio portal .gov.

A receita total nos 6 primeiros meses de 2023 variou negativamente, totalizando R$ 62,5 bilhões. Só considerando o valor recebido a menor, já teríamos uma justificativa e já poderíamos desconsiderar má gestão, uma vez o problema ter sido a arrecadação. Ocorre que não bastasse uma queda considerável nas receitas, foi registrado um aumento de 5,1% das despesas totais, com R$ 47,5 bilhões. Vou repetir: a variação real das despesas de janeiro a junho deste ano foi de R$ 47,5 bilhões NEGATIVA. Gastou-se mais do que no mesmo período do ano anterior. E o que isso significa? Que mesmo com arrecadação inferior em R$ 62,5 bilhões, caso o governo tivesse mantido o teto de gastos do governo anterior, ou simplesmente não tivessem gasto mais do que o equivalente no mesmo período, não teríamos déficit nos primeiros seis meses.

Levando em consideração que a questão da arrecadação pode se dar por uma série de fatores, como uma das principais causas temos recessão econômica, balizada pela queda da inflação, o que de fato já “era esperado”, ou seja, se a intenção era baixar/diminuir a inflação que realmente estava alta, já era sabido que uma diminuição na arrecadação aconteceria, portanto, nada de surpresas. A única coisa que de fato o governo tinha total controle e não fez, era controlar suas despesas. E, pasmem… qual a previsão do déficit para 2023? Alguém pode me responder por favor?

Segundo uma revisão do SOF (Secretaria de Orçamento Federal), que tem como objetivos principais o controle e a gestão dos recursos públicos e o acompanhamento e a execução da Programação Orçamentária, Financeira e Contábil dentre outros, a projeção para o déficit primário em 2023 é de R$ 145,4 bilhões, o que corresponde a 1,4 % do PIB Brasileiro. Resumindo, ainda temos R$ 100 bilhões de déficit para “colher”.

Vale a pena lembrar… há muito pouco tempo, foi aprovado o Arcabouço Fiscal, com o intuito de zerar o déficit público em 2024 e termos superávits a partir de 2025. Também existe uma projeção de déficit de 1% do PIB neste ano. O previsto já está em 40% a mais, 1,4%. é importante mensurar estes números, porque quando falamos de 1% para 1,4% parece muito pouco, mas estamos falando de 40% a mais ou seja de R$ 100 bilhões para R$ 140 bilhões.

Ter uma visão otimista não só para a economia como para todas as coisas é realmente ótimo. O que ocorre é que em finanças os números devem ser acompanhados e, se algo não está “otimista” como planejado, devemos mais do que nunca sermos “realistas”.

Reflexão da semana: Até quando deve ir esta visão otimista do governo?

Como diz o velho ditado: “Pior cego é aquele que não quer enxergar”.

Dica da Jô: Com dinheiro dos outros é fácil administrar!

Desejo a você uma excelente semana.

Joenice Diniz | Consultora Financeira | @joenicediniz