O amor próprio é um conceito poderoso que transcende a simples ideia de autoestima ou autoaceitação; é um compromisso profundo consigo mesma, um ato contínuo de valorização e cuidado pessoal. É a base fundamental para uma vida plena e satisfatória, pois quando cultivamos o amor próprio, desenvolvemos uma conexão íntima e compassiva conosco.

Em uma sociedade que muitas vezes valoriza mais a aparência externa e as conquistas materiais do que o bem-estar interno, é fácil cair na armadilha de buscar a validação e a felicidade fora de nós mesmas. No entanto, o verdadeiro amor próprio não depende de elogios externos ou realizações tangíveis; é uma jornada interna de autoconhecimento e aceitação incondicional.

Uma das partes mais desafiadoras do amor próprio é aprender a se priorizar sem sentir culpa ou acreditar que isso é egoísmo. Muitas vezes, somos condicionadas a colocar as necessidades dos outros acima das nossas, o que pode levar a um esgotamento físico e emocional. No entanto, é essencial entender que cuidar de si mesma não é um luxo, mas sim uma necessidade fundamental para nossa saúde e bem-estar geral.

Ao cultivar o amor próprio, não apenas fortalecemos nossa própria resiliência e autoconfiança, mas também melhoramos nossos relacionamentos e nossa capacidade de contribuir positivamente para o mundo ao nosso redor.

Quando nos sentimos inteiras e satisfeitas internamente, somos capazes de compartilhar amor e compaixão de maneira mais autêntica e generosa com os outros.
Em meio às consultas terapêuticas, é comum acolher mulheres que carregam consigo a culpa por tentarem se colocar em primeiro lugar em meio as suas demandas diárias. Entretanto, essa tentativa é muito mais complexa do que simplesmente um desejo mental; é um processo intrínseco que demanda uma jornada interior profunda.

Ouvir frases como “Eu quero, mas na hora de agir, não consigo” é apenas um indicativo do desafio que é realmente sentir-se merecedora de priorizar a si mesma.
Vivemos em uma sociedade permeada pelo patriarcado, onde desde cedo somos ensinadas a priorizar o bem-estar e as expectativas alheias, muitas vezes em detrimento às nossas próprias. Crescemos moldando-nos para buscar incessantemente a aceitação, o amor e a aprovação externa, muitas vezes perdendo de vista nossa identidade genuína e nutrindo um medo avassalador do julgamento alheio.

A transformação começa quando compreendemos que só podemos oferecer ao mundo aquilo que cultivamos em nosso interior. Assim, para sermos mães, esposas, profissionais, amigas e filhas melhores, precisamos, antes de tudo, nutrir essas virtudes dentro de nós mesmas.

O processo de praticar o amor próprio é multifacetado e contínuo. Requer aceitar que nossa felicidade está sob nosso próprio controle, que podemos dizer não sem carregar culpa, que cuidar de nós mesmas é uma condição para cuidar dos outros, que a falibilidade humana é natural e recomeçar é uma dádiva, que não podemos controlar tudo ao nosso redor, mas podemos controlar nossa reação a isso.

A prática do amor próprio envolve aprender a se aceitar como você é, com todas as suas imperfeições e peculiaridades. Significa reconhecer e honrar suas necessidades emocionais, físicas e espirituais, e agir de acordo com elas. Isso pode envolver estabelecer limites saudáveis em relacionamentos, reservar tempo para autocuidado e nutrir um diálogo interno positivo.

Além disso, o amor próprio também requer autocompaixão. Isso significa tratar-se com gentileza e compreensão, especialmente nos momentos de dificuldade ou autocrítica. Em vez de se julgar severamente por falhas ou erros, é importante praticar a aceitação e o perdão, reconhecendo que todos nós somos seres humanos em constante evolução.

Ao desenvolvermos o amor próprio, também cultivamos o autoacolhimento, o autorreconhecimento, a autovalorização e a autorrealização. Nos tornamos as protagonistas de nossas próprias vidas, deixando para trás sentimentos de carência, medo, inferioridade, e abraçamos o amor, a plenitude e a luz que emanam de dentro de nós.

É essencial aprender a valorizar nossa voz interior, a respeitar nossos próprios desejos e virtudes, a fazer as pazes com nossos corpos e a reconectar-nos conosco mesmas em um nível profundo. Devemos nos comprometer a colocar-nos como prioridade em nossas próprias agendas, reconhecendo que isso não é um ato de egoísmo, mas sim uma necessidade essencial para nossa saúde mental, emocional e espiritual.

Pense nisso com carinho!

Com amor, Nanda Cunha
Doutora em educação e terapeuta.
@nandacunhaterapeuta

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