Escolhas: será que somos tão donos de nós o quanto pensamos ser?
Escolhas: será que somos tão donos de nós o quanto pensamos ser?

Definitivamente não. Nossas escolhas atuais estão totalmente conectadas ao contexto da nossa infância. O que vivemos enquanto crianças não nos define, mas implica diretamente no que vivenciamos em todas as áreas da nossa vida hoje.

Uma criança que cresceu em um ambiente seguro e com afeto, com pais ou cuidadores emocionalmente saudáveis, aprende que o mundo é confiável e seguro. Quando vai para a vida adulta, apresenta confiança, autovalor, autoestima, sentimento de competência e pertencimento. Consegue enfrentar os desafios com mais facilidade, faz escolhas mais assertivas e investe em autoconhecimento com mais naturalidade.

Já uma criança que cresce em um ambiente que não lhe traga segurança, com pais ou cuidadores frustrados ou tristes, insatisfeitos com a vida e com suas escolhas, vai para o mundo adulto com insegurança, baixa autoestima, sem a percepção de autovalor, sem saber impor limites e principalmente sem acreditar em si mesmo.

Pense comigo…

Uma criança que registrou severas críticas ou uma disciplina rígida na infância tem grande chance desenvolver um severo crítico interno. Uma criança que registrou desamor, ou seja, viu que o amor não vinha gratuitamente, pode passar a acreditar que precisa “comprar” o amor dos outros, modelando seus comportamentos e atitudes na busca por agradar. Uma criança que registrou a figura de autoridade, ora percebendo-a de forma amorosa, ora percebendo-a de forma excessivamente dura e insensível, pode desenvolver um senso de desconfiança exagerado. Ainda temos questões de violência, abandono, rejeição, humilhação, traição, injustiça, entre tantas outras.

Faz sentido para você? Você se identifica com o que foi descrito acima? Acredito que sim. Todos nós nos identificamos de alguma forma, pois, enquanto crianças interpretamos o mundo com um olhar limitado e externo. Por melhores pais ou cuidadores que tivemos, em algum momento nos sentimos com nossas necessidades não atendidas. Saiba que não olhar para isso, não significa que isso não existe, ok? Está tudo registrado, comandando a nossa vida de forma consciente ou inconsciente. Sabe aquele desconforto que vez ou outra aparece? Aquele apertinho no coração, um sentimento de descontentamento ou vazio, aquela falta de motivação? Sim, podem vir da nossa infância.

E agora? O que fazer com isso?

Calma que tem solução! A vida dá um jeitinho e nos convida diariamente a olhar para as nossas questões mais íntimas. Aquelas que incomodam, doem, nos desestabilizam, nos causam culpa e até vergonha. Negá-las definitivamente não é a opção mais inteligente. E sabe por que? Elas retornarão em outro momento ou em um outro formato, mas com certeza retornarão. Os desconfortos e questionamentos nos acompanharão até que sejam acolhidos e ressignificados. É preciso entrar em movimento.

A beleza da vida se manifesta nas inúmeras oportunidades que temos de silenciar, olhar para dentro e tirar aprendizados dos desafios enfrentados. O caminho de volta para quem realmente somos e a nossa reforma íntima nascem justamente desse lugar. Encarar as nossas sombras e vulnerabilidades. A dica é: seja caridosa(o) com você e não desista.

Por mais desafiador que pareça, acredite que sempre há um novo caminho, uma nova forma de olhar, uma possibilidade, uma escolha, uma saída, um lugar onde nosso coração se sinta quentinho. Sempre há. Quando a nossa lente está voltada para a solução, portais de cura e amor se abrem abundantemente diante nós. Confie! Já diziam os filósofos: “Conheça-te a ti mesmo e verdade vos libertará” ou ainda “Torna-te quem tu és”.

Então, coragem! Recolha seus pedacinhos e siga. Lembre-se que somos a nossa própria cura. Que tal fazer algo bonito com o que te aconteceu? Sua maior dor pode ser a sua maior missão. Pense nisso.

Com amor, Nanda Cunha.